EM BUSCA DA IGUALDADE

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”

(Karl Marx)

Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, cor, idade, condições físicas, mentais e orientação sexual. Esta é uma disposição de nossa Lei maior, desde 1988. Cabe aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos, visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Olhos Azuis - 09


Olhos azuis é um vídeo sobre o trabalho de uma professora americana que faz workshops com adultos sobre relações étnico-raciais. Sua intenção é proporcionar a pessoas de olhos azuis a vivência de sentir o que é ser discriminado, por um período de tempo determinado. 
Esse workshop provoca reações incríveis em seus participantes. No Youtube, o vídeo é dividido em 12 partes de cerca de 9 minutos. Para assistir a parte 2 do vídeo, que fornece uma introdução, acesse:
http://www.youtube.com/watch?v=OwfUeMIGfdk&feature=related .
Para a parte 9, onde se encontram algumas cenas muito interessantes, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=_ywUhVu3pKg&feature=related
Para assistir ao vídeo todo, basta buscar na página do Youtube os vídeos relacionados aos links acima.



Reportagem Revista Nova escola

A África já existia antes dos europeus

Conheça os reinos que formavam a África antes da chegada dos europeus

Euzébio e estudantes do colégio Costa e Silva, em Porto Alegre: produção de maquete da cidade universitária de Tumbuctu. Foto: Tamires kopp
Euzébio e estudantes do colégio Costa e Silva, em Porto Alegre: produção de maquete da cidade universitária de Tumbuctu. Foto: Tamires Kopp. Clique para ampliar
O professor do Ensino Médio Jorge Euzébio Assumpção, do Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva, em Porto Alegre, faz questão de mostrar como o continente africano era dividido em reinos antes da chegada dos europeus (leia infográfico).
Livros, internet e textos produzidos pelo professor são fonte para os estudantes perceberem a estrutura social e política dos diversos povos. O reino do Congo, por exemplo, era dividido em aldeias familiares, distritos e províncias e todos os governadores eram conselheiros do rei. No império de Gana, os monarcas se reuniam todos os dias com os súditos para papear, ouvir reclamações e tomar decisões.
Essas informações são comparadas com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje.
"A tradição oral é forte nas culturas africanas, mas os povos também sabiam ler, escrever e viviam em cidades desenvolvidas", destaca Assumpção. Baseados em relatos, os alunos construíram a maquete da cidade universitária de Tumbuctu, que começou a se desenvolver a partir do ano 12.



A classe média negra

De cada seis negros que se mexem na pirâmide
social brasileira, cinco estão melhorando de vida
Daniela Pinheiro
Ana Araújo
Frederic Jean
A advogada Vera Lucia,
de Brasília: economia investida
na construção de uma casa
para a família na praia
Marques, da TAM:
nos anos 70, não havia um
único piloto comercial negro.
Hoje, são vinte
O cirurgião plástico mineiro Odo Adão tem 63 anos, é bem-sucedido (cobra de 6.000 a 8.000 reais por operação) e negro. Quando compara os desafios que enfrentou para chegar aonde chegou ao que está acontecendo com os negros hoje em dia, Adão identifica um avanço notável: "Não dá para dizer que o negro viva um momento espetacular atualmente, porque o preconceito existe e a sociedade terá de avançar muito até corrigir isso. O que percebo, no entanto, é que algo de novo está acontecendo. As portas começam a se abrir com menor resistência para aqueles que são competentes. E isso é uma vitória", afirma. 


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Diretor do Hospital do Câncer de Uberaba e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, amigo de Ivo Pitanguy, Adão foi o primeiro aluno negro na história da escola onde se formou, a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Também foi um dos primeiros negros brasileiros a fazer especialização em cancerologia no exterior (Houston, Estados Unidos). O fato de ser uma exceção em cada etapa de sua vida é motivo de orgulho pessoal. Seu pai trabalhava como operário na construção de ferrovias pelo interior do país e sua mãe era dona de casa. Em sua trajetória, Adão enfrentou toda sorte de preconceito. Numa ocasião, um funcionário da alfândega tentou impedi-lo de viajar para a Europa. "Ele ficava me perguntando como eu tinha conseguido comprar o bilhete aéreo", lembra Adão. "Hoje em dia, sinto que isso diminuiu sensivelmente. Afinal, com o aumento do número de profissionais negros bem-sucedidos em várias áreas, aumentou também o número de negros que viajam para o exterior."
Renata Miziara
Ana Araújo
Adão, primeiro médico negro na escola em que se formou,
e Conceição, 
que ficou com a vaga de um branco
A percepção de mudança que o doutor Adão tem sobre a realidade do negro no país é amparada por dados significativos. Um trabalho recente divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, órgão do Ministério do Planejamento, mostra que a classe média negra das capitais brasileiras teve um crescimento relativo de 10% nos últimos sete anos. Crescimento relativo quer dizer que a classe média negra tem uma fatia 10% maior do que a que tinha na classe média em 1992. "É um contingente expressivo de pessoas que entram no mercado consumidor e de trabalho", destaca o economista Marcelo Neri, um dos autores do estudo. Estima-se que essa classe média negra movimente por ano quase 50 bilhões de reais e está crescendo. O resultado é que se tornou cena freqüente encontrar uma moça negra na sala vip do aeroporto ou um senhor negro esperando mesa em restaurante cinco estrelas. Até muito pouco tempo atrás, esse era um privilégio reservado a negros artistas ou atletas. Segundo um levantamento recente preparado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, de cada grupo de dez negros, quatro estão parados na pirâmide social. Dos seis que estão se mexendo, cinco estão subindo.
Claudio Rossi
O empresário Reis, 
que 
tem medo de
seqüestro: "Alvo
para bandidos"

Outro indicador é que o mercado publicitário acordou para o novo filão. Recentemente, o Itaú, segundo maior banco privado do país, colocou no ar uma campanha em que um cliente negro comenta as vantagens de abrir uma conta na instituição. "Quem fecha os olhos para o negro vira um fóssil. Hoje não há espaço para piadas ou posturas racistas. O negro tem dinheiro e paga pelo produto que quer", afirma o publicitário Nizan Guanaes, responsável pelo anúncio. Por toda parte, vêem-se modelos negros anunciando produtos que há pouco tempo eram consumidos apenas por um seleto grupo de pele branca: sabonete Dove, aparelhos celulares Nokia, produtos de beleza de O Boticário e sorvete suíço Häagen-Dazs. Como tudo no Brasil, faltam estudos para dimensionar o fenômeno com exatidão. Aliás, ganha um doce quem conhecer algum estudo completo e irretocável sobre qualquer coisa no país. A única pesquisa feita até hoje sobre o perfil do consumidor negro contém números espantosos: os negros de classe média somam 8 milhões de pessoas. Entra nesta conta quem possua renda familiar acima de 2 300 reais. Dá, em números aproximados, um terço da classe média brasileira. Pelo menos 35% deles têm diploma universitário nas mãos.

No mercado de trabalho, o desempenho dos negros também tem se superado nos últimos tempos. Há dez anos, apenas 10% deles eram empregadores. Hoje dobrou. Os patrões negros representam 22% do total. O paulista Rubens Araújo Reis, de 35 anos, é um deles. Formado em administração de empresas e pós-graduado em publicidade e propaganda, comanda quinze pessoas em sua empresa de incorporações imobiliárias. Possui dois carros importados, um coreano Daewoo e um italiano Alfa Romeo, e mora num apartamento de três suítes em um bairro nobre de São Paulo. Recorda-se de ter sofrido discriminação racial uma única vez, quando foi maltratado por um funcionário de uma concessionária de veículos. Não teve dúvida: entrou com um processo na Justiça. Rico, bem-sucedido, Reis tem preocupações que ele mesmo considera inimagináveis para a geração de seus pais. Uma delas, o medo de ser seqüestrado. "Procuro levar uma vida discreta, sem badalações, para evitar problemas. Sou um alvo para bandidos como outro qualquer", afirma.
Mesmo para quem não atingiu esse altíssimo padrão de vida a realidade é mais amena hoje em dia. Na década de 70, não havia um único negro registrado como piloto comercial no Sindicato Nacional dos Aeronautas. Hoje eles são vinte. É um número ridículo, se comparado ao total de pilotos comerciais em atuação (cerca de 5.000), mas passa a ser um bom indicador de ascensão social. Detalhe: um curso para a obtenção do brevê pode custar até 20.000 reais. Por tradição, famílias negras no Brasil costumam ganhar muito menos do que as brancas. O que significa que para gastar o mesmo valor têm de suar muito mais. O comandante Sérgio Pedro Marques, o Piatã, é um deles. Aos 38 anos, dono de um salário de 7.000 reais, faz parte do time de pilotos da TAM que voam a ponte aérea RioSão Paulo. Piatã mantém uma casa no Rio e um apartamento em São Paulo, onde costuma passar a semana. Nos feriados, ruma com a família para sua casa na praia. Formado em matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Piatã é tão seguro quanto a sua posição social que faz até piadas com a própria cor da pele: "O pessoal diz que vai voar com o Neguinho, como me chamam. Você acha que eu ligo? Eu acho até carinhoso", conta.
Claudio Rossi
A Biashara Escola de Idiomas,
de São Paulo: 
professores e
alunos negros

O crescimento da classe média negra fez surgir um novo filão no mercado. Há quatro anos, a empresária Vilma Warner montou em São Paulo a Biashara Escola de Idiomas, voltada para alunos negros. "Aceitamos alunos brancos, mas 90% são negros", diz Vilma. Além de inglês, espanhol, francês, português para estrangeiros, oferece cursos de línguas africanas como swahili e ioruba. A agência de casamentos Twins Souls, também de São Paulo, é outra que se especializou. De seu cadastro com mais de 350 pessoas, a esmagadora maioria é de negros. "Atendemos um público selecionadíssimo", garante a proprietária, Maria Regina Carvalho. Para fazer parte do cadastro o interessado tem de desembolsar 750 reais. Em oito meses, a agência já viabilizou 32 namoros. No cadastro, há setenta estrangeiros brancos à procura de brasileiras negras.

Claudio Rossi
Turma de solteiros reunidos 
pela 
agência de casamento
Twins Souls: 
90% de clientela
formada por negros

Os negros ganham a metade Outra novidade vem da indústria da beleza. Durante anos, as mulheres de pele negra tiveram de se submeter a um papel desagradável: usar produtos e cosméticos feitos para mulheres de tez escandinava. De um tempo para cá, surgiram produtos da chamada linha étnica (veja quadro). Esse mercado em expansão continua com um potencial tremendo. Para ficar em dois exemplos, na pesquisa sobre oferta de itens de consumo para a raça, 36% ainda reclamavam a falta de sabonetes e 16% de cremes para corpo e rosto.

O problema racial no Brasil está longe de ser resolvido. Estima-se que os negros ocupem apenas 1% dos postos estratégicos do mercado de trabalho, quando representam quase metade da população. Outro estudo do Ipea mostra que, entre dois profissionais igualmente preparados, o branco tem 30% mais chance de conseguir uma ocupação do que o negro. Há duas razões para a diferença porcentual, aponta o estudo: o preconceito e o histórico familiar. O branco candidato ao emprego em geral vem de uma família estabilizada socialmente e o negro deu o grande salto. Para quem já está no mercado, a situação não é diferente. Na hora de receber o contracheque, negros e brancos estão em descompasso. De acordo com dados da Fundação Seade, de São Paulo, o salário médio de um branco na capital paulista é de 760 reais. Na mesma função, um negro ganha menos da metade: cerca de 350 reais. "O negro tem de ser dez vezes melhor do que o branco para ter acesso a uma educação que permita a ele competir e ultrapassar quem sempre esteve em vantagem", diz o cientista político Sérgio Abranches.
As estatísticas sobre o espaço social e econômico dos negros na sociedade brasileira devem ser encaradas com cuidado. A maioria dos estudos oficiais ignora a cor da pele dos cidadãos, o que dificulta as análises. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística pede às pessoas que digam, elas próprias, qual é o tom de sua pele. As respostas são inacreditáveis. Tem-se um espectro de cores que vai desde um impreciso "café-com-leite" até um incompreensível "pardo bebê". Em 1995, o Instituto Datafolha perguntou a um grupo de pessoas qual a cor de sua pele. Surgiram mais de 100 respostas diferentes. Há uma razão técnica para que a cor não seja definida pelo pesquisador. Como não existe um conceito biológico e catalogável de raças, a mudança no critério poderia ser  e tudo indica que seria  tão subjetiva quanto o atual sistema, dando espaço até mesmo para o preconceito do pesquisador. "Mas é necessário fazê-la, pois muitas vezes aponta para outras características, como escolaridade e renda", afirma o demógrafo Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE.
A deficiência estatística para contabilizar a etnia esconde o tamanho do preconceito. O Conselho Federal de Medicina, por exemplo, orgulha-se de não saber quantos são os médicos negros. A Ordem dos Advogados do Brasil também não tem idéia do rol de negros em seus quadros. Nem o Sindicato dos Professores de São Paulo nem tampouco o Conselho Federal dos Engenheiros têm essa informação. O argumento é que a raça não importa no desempenho da profissão. Até aí, perfeito. Mas como não se sabe exatamente quantos são os negros, pardos, morenos, mulatos, e afins e nem onde eles estão, ninguém fica sabendo também como eles estão se saindo no mercado de trabalho. Nos anos 40, o sociólogo Oracy Nogueira decifrou a charada: no Brasil, o preconceito é de cor da pele, enquanto para os americanos é de origem. Portanto, o sujeito que se diz "café-com-leite" no Brasil pode até ser considerado "quase branco". Já nos Estados Unidos, ele é negro porque invariavelmente tem ascendência negra.
Essa clara definição da raça fez dos Estados Unidos um espelho de organização sócio-econômica para os negros brasileiros. Sem dúvida, é ali que se encontra o maior mercado segmentado para negros do planeta. De roupas e cosméticos a canais de TV, há de tudo para o público negro. Uma conquista duríssima que levou anos para se firmar. As chamadas "políticas afirmativas", o sistema de cotas nas universidades e na administração pública, fizeram com que a classe média negra americana dobrasse nos últimos vinte anos. No entanto, o resultado foi diferente do esperado. A sociedade dividiu-se e a disputa racial adquiriu alguns aspectos inéditos. Sob a pecha de ser paternalistas e injustas, argumentos usados pelos brancos, as cotas dão motivo a embates intermináveis. Um branco sempre pode alegar ter perdido um bom emprego não porque o negro com quem disputou a vaga era mais capacitado, mas porque a lei o favoreceu.
"Morte à princesa Isabel"  Os estudiosos do sistema de cotas se dividem. Há defensores ferrenhos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil (veja quadro). Outros vêem a adoção do sistema com preocupação. A sociedade americana vive um clima de disputa racial num ambiente em que as leis garantem vagas em número proporcional ao contingente de negros no total da população: 12%. O que aconteceria se o modelo fosse importado para o Brasil, onde negros e pardos somam 45% da população? De acordo com o professor Anthony Marx, da Universidade Columbia, que lançou recentemente um livro sobre o assunto, Construindo uma Raça e uma Nação  Uma Comparação entre Estados Unidos, África do Sul e Brasil, ainda inédito no país, o sistema não iria funcionar. Ele afirma que a segregação racial no Brasil não é explícita simplesmente porque não há como identificar raças pela aparência física. Não há um negro negro nem um branco branco. Por essa razão, reservar cotas para uma raça específica e definida é quase uma utopia. Ainda assim, chovem propostas de reserva de mercado para negros. Há algumas semanas, o Tribunal de Justiça de São Paulo aprovou uma medida que obriga a participação de 25% de atores e modelos negros em todas as propagandas oficiais do governo estadual.
Claudio Pinheiro
O plástico Pereira:
mais de 800 clientes, 
na maioria mulheres
brancas,
como Vera Ramos

Até agora, tem sido confortável para os brancos festejar o sucesso dos negros já estabilizados na profissão. Mas uma coisa é aplaudir quando o número de negros bem-sucedidos é pequeno. Outra é continuar o aplauso no momento em que um contingente expressivo de negros bem preparados começar a tomar postos de trabalho de altos salários da fatia mais clara da população. A gerente financeira da Mitsubishi, Conceição Vianna, de 45 anos, sabe do que se trata. Logo que se formou, foi disputar uma vaga de contadora com um colega, homem e branco. Ficou com o emprego, mas guarda na memória um comentário que preferiria ter esquecido. "Quando ele soube do resultado, virou-se para mim e disse que, se pudesse, entraria numa máquina do tempo e mataria a princesa Isabel", lembra Conceição. É nessa hora que o preconceito aflora em sua medida extrema. "Aqui se diz que o discriminado é o pobre. Mentira. Nos pequenos detalhes, vemos que quem é mesmo discriminado é o negro", afirma Sueli Carneiro, do Geledés  Instituto da Mulher Negra, de São Paulo. 

O sistema de cotas americano

Até o começo dos anos 60, a discriminação racial nos Estados Unidos era pesada e amparada na legislação. Os negros eram proibidos de morar em determinados bairros, estudar em escolas de maioria branca e até fazer compras em certos armazéns. Uma cena comum era ver espalhadas em terminais rodoviários e ferroviários placas que indicavam as salas de espera, os banheiros e as pensões "for colored people" (para pessoas de cor). Nos ônibus e trens, assentos eram reservados no fundo dos coletivos para passageiros negros, mesmo que houvesse lugares vazios nos bancos da frente.
A partir dessa época, o governo americano, pressionado por demonstrações crescentes de insatisfação na comunidade negra, foi levado a alterar as leis sobre a questão racial. Um dos resultados desse processo foi o estabelecimento de um sistema de cotas. Nas universidades e na administração pública, um porcentual das vagas foi reservado aos negros. O sistema funciona até hoje e a cota varia de Estado para Estado, conforme a densidade de negros na população. Na média nacional, os negros representam 12% dos habitantes. O setor privado recebe incentivos fiscais quando contrata negros em vez de brancos. A implantação das chamadas "políticas afirmativas" melhorou a qualidade de vida dos negros americanos. Graças a ela, um em cada três negros vive hoje com padrão anteriormente exclusivo dos brancos.
Atualmente, a manutenção das cotas é um dos acirrados debates da sociedade americana. Principalmente entre os brancos. O argumento mais comum contra as cotas é que o sistema seria também racista, já que supõe que os negros sejam estruturalmente menos capacitados do que os brancos, e portanto precisam ter suas vagas asseguradas na faculdade ou no emprego público. A verdade é que foi um recurso para combater a discriminação. E funcionou.

Mercado segmentado

Durante anos, as mulheres negras foram obrigadas a usar maquiagem para quem tinha pele alvíssima. Meia-calça cor da pele só existia na versão branca. No máximo, bege. "As moças pareciam o Gasparzinho, de tão branca que ficava a cara", diz o nigeriano Chibuzor Nwaike, importador de cosméticos chamados "afro-étnicos". De um tempo para cá, surgiu uma linha de meias finas para peles entre morena-clara e negra. A tatuagem de nanquim branca também começa a ser difundida entre os negros como alternativa para a tatuagem de hena.
A meia-calça transparente na pele negra era desastrosa(à esq.). Hoje, há tonalidades mais adequadas (à dir.)A tatuagem de hena, sucesso do verão passado, aparece melhor na pele negra se a tinta utilizada for branca ou cinza
Modelo maquiada com produtos para pele branca (à esq.) e com a linha especial para negras (à dir.): o fim da cara de Gasparzinho


O preconceito na sala de aula

Ricardo Fasanello
Racismo na escola: pesquisa mostra abusos das próprias professoras

Durante oito meses, a professora Eliane Cavalleiro investigou o preconceito racial na rede pública de ensino. Passou suas manhãs em uma pré-escola municipal, de um bairro classe média de São Paulo, observando o relacionamento dos professores e crianças brancas com os alunos negros. Eliane anotou frases, presenciou diálogos e entrevistou famílias. As conclusões desse trabalho fazem parte de sua tese de mestrado "Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil" e são um soco no estômago. Aprovado com louvor pela banca de docentes da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, o trabalho revela que as professoras tratam com enorme diferença os alunos negros. Segundo o texto, elas são mais impacientes com eles, menos carinhosas e, em casos extremos testemunhados pela pesquisadora, chegam a humilhar as crianças negras com expressões impensáveis, ainda mais para quem é responsável por educar. "Filhotes de São Benedito", "negrinho safado", "cão em forma de gente" foram algumas das expressões usadas pelas professoras da escola em sua presença.
De acordo com as observações de Eliane, a postura adotada pelas educadoras também anula eventuais manifestações de carinho por parte dos alunos negros. Ela constatou que, muitas vezes, partiam das próprias professoras a galhofa e o deboche sobre a cor da pele dos estudantes. Um dos exemplos é inacreditável. Durante a aula de artes, uma menina negra de 7 anos disse que gostaria de se parecer com a apresentadora Angélica. "Desde aquele dia, quando queria falar com a garota, a professora dizia: 'Ô Angélica, olha pra cá', e, ao constatar que a menina atendia ao chamado, caía na gargalhada", conta Eliane. "A professora não se acanhava com a minha presença, mesmo sabendo o teor da pesquisa", diz.
Numa observação minuciosa, a pesquisadora chegou a contabilizar a troca de afagos entre as professoras e os alunos: em um dia normal, as educadoras beijam três vezes mais crianças brancas do que negras. O mais curioso é que a própria Eliane foi discriminada enquanto reunia dados para sua tese. Quando chegou à escola, deixou bem clara sua intenção de não participar de qualquer atividade. Ela ficaria apenas observando o que acontecia em sala de aula. No entanto, a maioria das professoras brancas mandava Eliane, negra, servir lanche, fazer cartazes e até limpar o chão depois da bagunça de algum aluno. "A situação é assustadora. Nem mesmo eu imaginava quanto os professores ainda são despreparados para lidar com a diversidade étnica na sala de aula e na sociedade", afirma a pesquisadora.


Reportagem Revista Nova escola

África de todos nós

Desde 2003, a cultura africana faz parte do currículo. Descubra com seus alunos a riqueza das ciências, das tecnologias e da história dos povos desse continente

África, berço da humanidade
Os diversos povos que habitavam o continente africano, muito antes da colonização feita pelos europeus, eram bambambãs em várias áreas: eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não bagunçar a contabilidade do comércio de mercadorias; e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a ciência moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de 20 mil livros, que ainda hoje deixariam encabulados muitos pesquisadores de beca que se dedicam aos estudos da cultura negra.
Infelizmente, a imagem que se tem da África e de seus descendentes não é relacionada com produção intelectual nem com tecnologia. Ela descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas coloridas. "Essas idéias distorcidas desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é vítima", afirma Glória Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB).


Negros são parte da nossa identidade
O pouco caso com a cultura africana se reflete na sala de aula. O segundo maior continente do planeta aparece em livros didáticos somente quando o tema é escravidão, deixando capenga a noção de diversidade de nosso povo e minimizando a importância dos afro-descendentes. Por isso, em 2003, entrou em vigor a Lei no 10.639, que tenta corrigir essa dívida, incluindo o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas. "Uma norma não muda a realidade de imediato, mas pode ser um impulso para introduzir em sala de aula um conteúdo rico em conhecimento e em valores", diz Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, membro do Conselho Nacional da Educação e redatora do parecer que acrescentou o tema à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A cultura africana oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento. Para Iolanda de Oliveira, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, se a escola não inclui esses conteúdos no planejamento, cada professor pode colocar um pouco de África em seu plano de ensino: "Não podemos esperar mais para virar essa página na nossa história", enfatiza. Antes de saber como usar elementos da cultura africana em cada disciplina, vamos analisar alguns aspectos da história do continente e os motivos que levaram essas culturas a serem excluídas da sala de aula.
O ensino de História sempre privilegiou as civilizações que viveram em torno do Mar Mediterrâneo. O Egito estava entre elas, mas raramente é relacionado à África, tanto
que, junto com outros países do norte do continente, pertence à chamada África Branca, termo que despreza os povos negros que ali viveram antes das invasões dos persas,
gregos e romanos.



A pequisadora Cileine de Lourenço, professora da Bryant University, de Rhoad Island, nos Estados Unidos, atribui ao pensamento dos colonizadores boa parte da origem do preconceito: "Eles precisavam justificar o tráfico das pessoas e a escravidão nas colônias e para isso ‘animalizaram’ os negros". Ela conta que, no século 16, alguns zoológicos europeus exibiam negros e indígenas em jaulas, colocando na mesma baia indivíduos de grupos inimigos, para que brigassem diante do público. Além disso, a Igreja na época considerava civilizado somente quem era cristão.
Uma das balelas sobre a escravidão é a idéia de que o processo teria sido fácil pela condição de escravos em que muitos africanos viviam em seus reinos. Essa é uma
invenção que não passa de bode expiatório: a servidão lá acontecia após conquistas internas ou por dívidas - como em outras civilizações. Mas as pessoas não eram
afastadas de sua terra ou da família nem perdiam a identidade.
Muitas vezes os escravos passavam a fazer parte da família do senhor ou retomavam a liberdade quando a obrigação era quitada com trabalho. Outra mentira é que seriam povos acomodados: os negros escravizados que para cá vieram revoltaram-se contra a chibata, não aceitavam as regras do trabalho nas plantações, fugiam e organizavam quilombos.



A exploração atrapalhou o desenvolvimento
A dominação dos negros pelos europeus se deu basicamente porque a pólvora não era conhecida por aquelas bandas - e porque os africanos recebiam bem os estrangeiros,
tanto que eles nem precisavam armar tocaias: as famílias africanas costumavam ter em casa um quarto para receber os viajantes e com isso muitas vezes davam abrigo ao
inimigo. Durante mais de 300 anos foram acaçambados cerca de 100 milhões de mulheres e homens jovens, retirando do continente boa parte da força de trabalho e rompendo com séculos de cultura e de civilização.
Nesta reportagem, deixamos de lado de propósito a capoeira, embalada pelo berimbau; a culinária, enriquecida com o vatapá, o caruru e outros quitutes; as influências musicais do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas, atabaques e agogôs. Preferimos mostrar conteúdos ligados às ciências sociais e naturais, à Matemática, à Língua Portuguesa e Estrangeira e a Artes, menos comuns em sala de aula, para você rechear a mochila de conhecimentos dos alunos sobre a África.

Publicado em NOVEMBRO 2005.

Reportagem Revista Nova escola

A escravidão ainda existe

Apesar de ilegal, o trabalho escravo não está extinto. Mais de 36 mil pessoas foram resgatadas dessa situação nos últimos 15 anos no Brasil

Foto: Andre Penner
PRESENTE POBRE O combate à escravidão se intensifica, mas a miséria facilita o trabalho dos aliciadores. Foto: Andre Penner
Infelizmente, tratar o trabalho escravo como uma página virada da história do Brasil é um erro. A Li Áurea, de 13 de maio de 1888, foi, sem dúvida, um passo fundamental para que o Estado brasileiro reconhecesse como ilegal o direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra. O problema, no entanto, ainda persiste, embora se apresente de forma diferente da ocorrida até o século 19. Mostra disso são os mais de 36 mil trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravo desde 1995, segundo dados do Ministério do Trabalho (veja o mapa abaixo).

Tratar das formas contemporâneas de escravidão em sala de aula pode ser uma valiosa estratégia para desenvolver o conceito de trabalho, de uma maneira que o assunto faça sentido para os alunos. Assim, o professor abre diversas possibilidades de abordagem do tema: demonstra que o problema existe na sociedade atual e alerta e previne as pessoas sobre ele. Além disso, faz a comparação entre a escravidão no passado e nos dias atuais, buscando relações sobre as precárias condições de vida e trabalho dos escravos libertos pela Lei Áurea e seu possível impacto na atual desigualdade social, entre outras perspectivas.

A Escola da Vila, em São Paulo, trabalha o tema da escravidão contemporânea com os alunos do 5º ano durante todo o segundo trimestre. A proposta consiste na apresentação da questão para a construção do conceito de trabalho. "Começamos com a apresentação de notícias sobre a escravidão para que eles possam saber da existência do problema no Brasil", conta a professora Clarice Barreira Camargo. Ela também instiga os estudantes a identificar a data das reportagens para reforçar que são eventos contemporâneos (leia a sequência).

Durante a proposta, são utilizados diversos materiais, entre eles, textos de diferentes gêneros e épocas, que incentivam o estudante a investigar documentos históricos. Também estão presentes mapas, que apontam os estados onde o problema é mais recorrente, e gráficos com as atividades econômicas que mais utilizam mão de obra escrava. Além desses, cópias de anúncios sobre escravos fugitivos, imagens e cartas do período colonial e o texto da Lei Áurea são recursos utilizados pela escola. Por fim, é feita uma comparação com a escravidão existente no período colonial e imperial no país. "Também indicamos textos da homepage da organização não governamental Repórter Brasil e os próprios estudantes vão descobrindo novos caminhos", afirma Clarice.

Vergonha nacional 
O Norte e o Centro-Oeste brasileiros concentram mais de 80% dos casos registrados de trabalho escravo no Brasil*

Ilustração: Fábio Lucca
Fonte: Ministério do Trabalho. Ilustração: Fábio Lucca

Indicações de Vídeos e matérias

Escravidão no Brasil

Dia 13 de maio, a Lei Áurea completa 123 anos. A data é uma boa oportunidade para desmistificar a ideia de que as desigualdades terminaram com a abolição oficial da escravidão. Confira a seguir reportagens, vídeos e planos de aula sobre trabalho escravo, discriminação racial e a condição do negro ao longo da história do país.

Reportagem: Revista Nova Escola

A história da África em sala
Duas leis federais determinam o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena. Veja como trabalhar esses conteúdos em aula
Consciência negra. Foto: Diana Abreu
Fazer os alunos refletirem sobre a diversidade é fundamental
Até bem pouco tempo atrás, o Brasil, conhecido internacionalmente por sua diversidade cultural e pela mistura de raças que formam o seu povo, não tinha as diferentes etnias representadas nos currículos escolares do País. A situação mudou com duas leis, sancionadas nos anos de 2003 e 2008, que tornaram obrigatório no Ensino Fundamental e Médio o estudo da História e Cultura afro-brasileira e indígena.
O que dizem as leis

A lei mais antiga 10.639/2003 não previa o ensino da cultura Indígena nas escolas brasileiras. O texto estabelece que o conteúdo programático inclua diversos aspectos da história e da cultura dos povos que formaram a população brasileira. "As políticas e programas que começaram a ser praticados desde então são fundamentais para valorizar a diversidade dentro das escolas e para incentivar mudanças nas práticas pedagógicas", afirma Viviane Fernandes Faria, Diretora de Políticas para Educação do Campo e Diversidade do Ministério da Educação (MEC).

Aspectos como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional foram incorporados aos currículos depois da aprovação da Lei 11.645. "Por meio do resgate da contribuição de negros e índios nas áreas social, econômica e política da história do Brasil, os professores podem desenvolver ações voltadas para a construção de uma escola multirracial", diz Sobrinho.
A proposta do MEC é incluir no currículo temáticas que façam os alunos refletir sobre a democracia racial e a formação cultural brasileira. "Só assim será possível romper com teorias racistas e diminuir o preconceito", afirma Juliano Custódio Sobrinho, professor de História da Universidade Nove de Julho, em São Paulo. "Os educadores têm um papel fundamental nesse processo, o de mostrar aos alunos que todas as raças presentes no Brasil têm e tiveram importâncias iguais na formação da cultura brasileira", diz.

Como trabalhar
Para ajudar os professores a selecionar alguns aspectos que podem ser trabalhados nas diferentes etapas de ensino no decorrer de todo o ano, o MEC elaborou alguns materiais de apoio que estão disponíveis para consulta no site oficial do Ministério, assim como as Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. 
Abaixo, veja algumas sugestões de como e quando abordar alguns dos conteúdos relacionados à cultura afro-brasileira em diferentes etapas de ensino:

Educação Infantil
O essencial: Apresentar a diversidade
Durante o período em que frequentam a creche ou a pré-escola, as crianças estão construindo suas identidades. Por isso, desde os primeiros anos de escolaridade, os alunos já precisam entender que são diferentes uns dos outros e que essa diversidade decorre de uma ideia de complementaridade. "É função do educador ajudar as crianças a lidar com elas mesmas e fortalecer a formação de suas próprias identidades", explica Clélia Cortez, Coordenadora do Programa Formar em Rede do Instituto Avisa Lá e selecionadora do Prêmio Victor Civita. "Ele deve atuar como um verdadeiro agente de promoção da diversidade", diz. 

Para que isso aconteça, a creche precisa ser transformada em um ambiente de aprendizagem da diversidade étnico-racial, que estimule os pequenos a buscar suas próprias histórias e a conhecer as origens dos colegas. "Estimular a participação das crianças em atividades que envolvam brincadeiras, jogos e canções que remetam às tradições culturais de suas comunidades e de outros grupos são boas estratégias", diz Clélia. Segundo a educadora, a organização os espaços também deve valorizar a diversidade. Ações simples como pendurar imagens de personagens negros nas paredes, adquirir alguns livros com personagens de origens africanas, ter bonecos negros na brinquedoteca e passar filmes infantis com personagens negros para as crianças podem ajudar na formação de cidadãos mais conscientes e agentes no combate ao preconceito.

Do 1º ao 5º ano
O essencial: valorizar as culturas indígena e africana
No Ensino Fundamental 1, os professores já podem levar para a sala de aula algumas noções do que vem a ser a cultura afro-brasileira, com base na realidade dos alunos. É o momento de falar sobre a colonização portuguesa no país e traçar um paralelo com a realidade social dos negros hoje. "Se o aluno entender o processo histórico que desencadeou a desigualdade entre negros e brancos, ele não vai reforçar preconceitos", diz Sobrinho. 

Propor projetos e atividades permanentes que valorizem as culturas indígena e africana - como apresentações teatrais de histórias da literatura africana ou lendas indígenas -; trabalhar os elementos de ritmos como o samba e o maracatu nas aulas de Música; ou explorar alguns elementos da capoeira nas aulas de Educação Física são boas formas de abordar os conteúdos no decorrer do ano. "Apesar da inclusão do ensino da cultura afro-brasileira e indígena ter sido imposta por uma legislação, não é preciso forçar a barra para incluí-los nas aulas", explica Sobrinho. "Esses elementos sempre fizeram parte da cultura brasileira e não podem ser ensinados como se fossem conteúdos à parte, descontextualizado da realidade do nosso país", afirma ele.

Do 6º ao 9º ano

O essencial: discutir o preconceito
O Ensino Fundamental 2 é o período ideal para o professor explicar aos alunos que o Brasil foi um país escravocrata e que a abolição da escravidão não veio acompanhada de um processo de inclusão dos negros na sociedade brasileira. "No Brasil, a escravidão foi abolida em 1888, porém, mantivemos o estigma da cor", afirma Sobrinho. Por isso, promover debates sobre as causas do preconceito contra os negros é fundamental, bem como ensinar os alunos a buscar respostas no processo histórico brasileiro. "Os estudantes precisam conhecer os motivos pelos quais os negros ainda lutam pela igualdade de direitos e oportunidades", diz Sobrinho.

Nas aulas de Ciências, os professores podem trabalhar as teorias raciais do século 19, que queriam acabar com a miscigenação e pregavam a necessidade do branqueamento da população. "A ideia errônea da existência de uma ‘raça pura’ permitiu a legitimação do preconceito com relação à diversidade de raças e a crença em uma suposta superioridade da raça branca", diz Sobrinho.

Ensino Médio
O essencial: debater o preconceito de raça
Nesta etapa os professores de Sociologia podem trabalhar o próprio conceito de "raça", sempre com o objetivo de discutir a valorização das diferentes manifestações culturais com base nas representações do outro. A existência de cotas raciais nas universidades públicas e os motivos pelos quais elas se fazem necessárias no Brasil também podem gerar debates interessantes com a turma. É uma boa oportunidade para esclarecer aos estudantes que as cotas, por exemplo, fazem parte de um longo plano de ações que visa incluir os negros dignamente na sociedade.

Muito mais do que leis que incentivem o combate ao preconceito racial, é fundamental que as mudanças da forma de ensinar a História e a Cultura afro-brasileira e indígena partam do engajamento, do aprendizado e do comprometimento pessoal dos educadores, professores e gestores escolares, que devem estar preocupados em construir uma política educacional igualitária, que prepare crianças e jovens para valorizar a diversidade e construir uma sociedade em que a democracia racial, de fato, se torne uma realidade.


Plano de Ação

Plano de ação
Objetivo Geral da ação:
O objetivo do fórum “Um olhar sobre a realidade” é discutir e elaborar propostas de políticas que contemplem a construção da igualdade de gênero, com o fortalecimento da autonomia econômica, social, cultural e política e estabelecer ações de prevenção e combate a violência contra todos, assim assistir e garantir os direitos a todos os cidadãos, em situação de violência, de acordo com as normas e instrumentos internacionais de direitos humanos e legislação brasileira.
Justificativa:
A nossa sociedade brasileira tem sofrido por um grave problema que é a violência, uma agressividade cada vez mais crescente nas nossas escolas, nas ruas, nas famílias e temos visto principalmente o aumento alarmante dos índices de violência contra mulheres no Brasil, fazendo-se necessário o enfrentamento desse problema que certamente tem mais um caráter social.
A violência é um sinal, um sintoma de uma sociedade que não criou apreço pelos valores e acabou formando adultos sem referenciais de cidadania e de respeito pelo próximo. A violência é a marca de uma sociedade excludente que não escolhe classe social, raça, cor ou poder aquisitivo.
Este Fórum fundamenta-se na mobilização e conscientização da sociedade, para que sejam discutidas questões referentes à Política Pública para todos os cidadãos nos Municípios de Montanha e Pinheiros.
Atualmente, o nosso desfio como futuros Gestores em Politicas Publicas é mobilizar a sociedade para uma conscientização voltada para a construção, baseada em mudanças de valores e atitudes. A participação ativa de todos é de suma importância para a construção de atitudes e mudanças na sociedade em nossa região, nos valores e na melhoria da qualidade de vida da população em todos os sentidos, levando conhecimento, auto-ajuda e entretenimentos.
É preciso fazer valer as leis dos direitos de cidadãos, mas para isso é necessário acabar com as diferenças sociais tão marcantes em nosso País, Para tanto se faz necessário a implantação de Políticas Publicas que viabilizem esses direitos, através da educação de qualidade e condição de trabalho para todos.
Descrição da Ação:
O tema central do vento” um olhar sobre a realidade”, será desenvolvido através de uma ação para sensibilizar a sociedade, começando nas escolas, com turmas de adolescentes e nas comunidades. Os temas a serem discutidos serão: Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação; Direito à liberdade de reunião e participação política e Direito aos benefícios do progresso cientifico nas comunidade, através de palestras e debates.
Atualmente, o nosso desafio como futuros Gestores em Políticas Públicas é mobilizar a sociedade para uma conscientização voltada para a construção, baseada em mudanças de valores e atitudes. A participação ativa de todos é de suma importância para a construção de atitudes e mudanças na sociedade em nossa região, nos valores e na melhoria da qualidade de vida da população em todos os sentidos, levando conhecimento, auto-ajuda e entretenimentos. 
É preciso fazer valer as leis dos direitos de cidadãos, mas para isso é necessário acabar com diferenças sociais tão marcantes  em nosso País. Para tanto se faz necessário a implantação de políticas Públicas que viabilizem esses direitos, através da educação de qualidade e  condição de trabalho para todos.
Planejamento:
O Fórum Comunitário desenvolverá em etapas:
Fevereiro 2012
- Apresentação da Proposta as Secretárias Municipal de Educação, Saúde e Cultura.
·                    Contratação dos Palestrantes;
·                    Preparação (Divulgação: Panfletos, folders e Propaganda carro de som).
Execução:
Março 2011
Realização do evento.
População beneficiada:
  • População de Montanha e Pinheiros;
Comunidades, Diretores e Professores das Escolas Públicas e Particular, Gestantes, Idosos e Estudantes acima de 18 anos.