EM BUSCA DA IGUALDADE

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”

(Karl Marx)

Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, cor, idade, condições físicas, mentais e orientação sexual. Esta é uma disposição de nossa Lei maior, desde 1988. Cabe aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos, visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Amélia, nunca mais!

Amélia, personagem dos versos de Mário Lago musicados por Ataulfo Alves em 1941, não tinha a menor vaidade e passava fome ao lado de seu amor. Entre outras renúncias, isso fazia dela uma "mulher de verdade", segundo os padrões machistas da época. E hoje, mais de meio século após a gravação da canção, será que ainda há lugar para essas mártires? O artigo de Lya Luft e a reportagem sobre as assassinas de Tucumán fornecem a resposta. 

Estropício 
Itamar Assumpção
 


Quando já é madrugada mexe o trinco da porta / Eu dormindo sossegado e você chegando torta / Penso ser troço mandado pois a coisa anda solta / Desmilingüida na escada você parecia outra / Estava doida varrida, farrapo, trapo, danada / Esparramada, caída, tendo que ser carregada / O que que faço com isso, perguntava enquanto olhava / Para você, estropício, que gemia, delirava / De palhaçada já chega muito a troco de nada / Sou eu quem segura as bombas quando você xinga os guardas / Amanhece com ressaca, não consegue abrir as pálpebras / Umas nas outras coladas parecendo que tá morta / Passou da medida, chega, transbordou o copo d’água / Pra que que quero quem chega quando já é madrugada / Acordando o mundo inteiro, vomitando na calçada / Pra que quero quem chega e já não presta pra nada / Quando já é madrugada...
 



Olhando a paisagem 
Luiz Tatit 

Odete me deixou lá fora
 
olhando a paisagem / Foi dar uma voltinha, fazer qualquer coisa /
 
Ê, Odete, toda enigmática /
 
Nunca diz aonde vai
 
Mas bem que ela foi inteligente mostrando a paisagem / Pois eu não estava fazendo nada mesmo /
 
Imagine que coisa tediosa ficar ali esperando / Sem ter o que olhar
 
No entanto, não tinha sentido
 
ela demorar tanto / Deixando-me ali horas e horas / Anoitecia, passavam-se os dias / E nada de Odete voltar
 
Até que eu fiquei desconfiado
 
que algum imprevisto / Algum contratempo tivesse afligido Odete / Foi a conta! Entrei pra dentro e comecei a telefonar
 
Liguei pra um monte de gente /
 
E todos foram unânimes / Infames! Tentavam me convencer / Que Odete não ia voltar /
 
E pediam pra que eu desistisse / Que desistir uma pinóia!, eu respondia / Vai voltar, sim!
 
O que me intrigava na história é que o tempo passava / Passava e já tinha um mês e meio / E olha que isso é muito! / Pra quem espera o tempo passa devagar
 
Mas quando eu já estava no auge da desilusão e da desesperança / Quem é que aparece? / Quem é que pinta na minha paisagem? / Quem é que vem segurando um pacote? / Quem é que pede pra eu dar uma mãozinha / Quem é que me aperta, me abraça e me dá um beijo, quem é? / Quem é que chega com a cara cansada / E no entretanto inda topa fazer um café? / Quem é? Quem é? Quem é? / Vamos, respondam só isso: Odete!!!


Consultoria Fernanda Padovesi Fonseca
Professora de Geografia do UniFIEO, de Osasco (SP)



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