EM BUSCA DA IGUALDADE

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”

(Karl Marx)

Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, cor, idade, condições físicas, mentais e orientação sexual. Esta é uma disposição de nossa Lei maior, desde 1988. Cabe aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos, visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mulher trabalhadora e eleições


Mulher trabalhadora e eleições
Escrito por Daniela Romero - PERU  


Uma reflexão no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Em épocas eleitorais costumamos escutar frases como: “Vote em uma mulher para que o país mude, para que não haja corrupção, porque é um avanço para todas as mulheres, etc.”

Isto se viu de forma mais concreta nas eleições municipais passadas onde duas mulheres foram as principais rivais para ocupar o executivo municipal. Todos os meios de comunicação tentavam nos vender o conto de que o simples fato de Lourdes e Susana serem mulheres já significava um grande avanço frente à situação da mulher tradicionalmente identificada como donas-de-casa.

Com esta mesma lógica hoje se promove o voto em Keiko Fujimori e se apoiou, enquanto esteve na disputa, Mercedes Araoz. Enquanto isso os outros candidatos presidenciais colocam mulheres em suas chapas com a finalidade de captar votos femininos, ou chamam a votar em mulheres para o Congresso como uma demonstração da “libertação da mulher”.

A situação da mulher trabalhadora

Devido ao sistema patriarcal as mulheres estão em desvantagem frente aos homens. Isto fica evidente tanto no mundo do trabalho, como nos casos de machismo, de assédio sexual, de abusos sexuais, de feminicídio, violência física e verbal, etc.

Mas é a mulher trabalhadora quem suporta a exploração capitalista, que além de trabalhar de 10 a 12 horas por dia tem que arcar com o trabalho doméstico e, para piorar (como consta nos próprios relatórios da OIT), recebem os piores salários e muitas vezes não contam nem mesmo com proteção trabalhista.

Nas fábricas têxteis peruanas, por exemplo, as trabalhadoras são forçadas a permanecer além da jornada normal de trabalho, depois de bater o cartão de ponto para seguirem produzindo. Se a patronal toma conhecimento de que uma operária está grávida a demite imediatamente para não ter que arcar com os encargos da licença maternidade. Para as operárias o direito ao período de amamentação e à licença maternidade praticamente não existem, além disso ainda sofrem com o assédio de seus superiores e ganham cerca de 20% menos que os homens em que pese que produzem igual ou até mais que eles.

A divisão das mulheres é sobretudo de classe

Nenhuma das mulheres candidatas se propõe nem sequer remotamente a defender os direitos de mulher trabalhadora por uma simples razão: as candidatas são mulheres que defendem a exploração capitalista.

Nenhuma delas fala de aumento de salários, de maior acesso à educação para mulheres, de creches para seus filhos, de restaurantes populares, etc.

Por isto é importante que as mulheres trabalhadoras mantenham sua independência de classe e de mãos dadas com seus companheiros trabalhadores lutem contra a exploração capitalista.

Em algumas ocasiões lutamos junto com as burguesas, como por exemplo, na defesa pela legalização do direito ao aborto e que afeta a todas nós, mas onde as mulheres pobres são as mais vulneráveis.

Mas é fundamental que as mulheres trabalhadoras se organizem e lutem, seja nos bairros, por dentro das organizações sindicais para que às demandas operárias se incorporem suas próprias reivindicações como mulheres: creches públicas, restaurantes populares, legalização do direito ao aborto, etc. E lutem juntas com as burguesas para conseguir objetivos específicos como o direito ao aborto, salário igual para trabalho igual, direito à maternidade, entre outras.

Por este motivo, no dia 8 de março convidamos todas a mobilizar-nos como fazem as mulheres de todo mundo, lembrando que a luta por nossa definitiva libertação está ligada à luta da classe operária pela conquista de uma sociedade onde não exista nem opressão nem exploração, isto é o socialismo.

As burguesas não se opõem à exploração, mas a defende porque é a base para preservar os privilégios que goza. Além disso, ela não sofre a exploração doméstica porque conta com empregadas que são designadas para o cuidado de seus filhos e às numerosas tarefas do lar.

Por isto é importante que as mulheres trabalhadoras mantenham sua independência de classe e deem as mãos a seus companheiros trabalhadores para lutar contra a exploração capitalista.

E lutar juntas somente quando isso significar uma unidade de ação para conseguir objetivos específicos como o direito ao aborto, mas tendo a clareza que pertencem a classes antagônicas.

É possível talvez a igualdade sob o capitalismo?

A realidade é que a desigualdade aumenta cada vez mais. A decadência do capitalismo não só se revela nessa realidade socioeconômica mas também em uma degradação moral que a classe dominante espalha por toda a sociedade.

No dia em que as mulheres, junto à classe operária, se libertem da opressão e exploração definitivamente ficaria marcado como uma das revoluções mais profundas da história, pois teria efeito não só na ordem econômica, senão na estrutura social e cultural.

A classe nos une, o gênero nos divide

O sistema capitalista ganha muito dinheiro com a desigualdade. Não podemos nos esquecer que as grandes multinacionais têm grande parte de suas fábricas em países do terceiro mundo onde as desigualdades entre homens e mulheres são muito maiores e onde não há escrúpulos em explorar inclusive o trabalho infantil e semiescravo e que submete a milhões de pessoas no mundo.

Os alarmantes e crescentes casos de violência doméstica têm suas raízes em um sistema no qual o individualismo e a lei da selva são a norma mais geral. Mas paralelamente a isso surge a luta e a solidariedade de classe. É sobre essa base que a mulher trabalhadora se livrará, por fim, da dupla opressão que sofre sob o capitalismo.

Fonte: Bandeira Socialista nº 65 – Publicação do Novo PST – Peru





Vídeo: Discriminação da Mulher na Sociedade




( Disponível em : http://youtu.be/fcKXdM7yZ2s)

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