EM BUSCA DA IGUALDADE

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.”

(Karl Marx)

Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, cor, idade, condições físicas, mentais e orientação sexual. Esta é uma disposição de nossa Lei maior, desde 1988. Cabe aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos, visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

As transformações da situação social da mulher, sociologia do comportamento




Segundo antecipou a presidenta durante a entrevista, a viagem a Nova York será um momento para discutir temas importantes, como o papel da mulher no mundo, a transparência nas ações dos governos e o combate a doenças crônicas. Outra temática que merecerá destaque – afirmou a presidenta – é a crise econômica mundial.
 
Mulheres: entre o lar o trabalho
A constituição e a organização da estrutura familiar não são estáticas. No decorrer da história, as famílias já passaram por várias transformações. Em geral, essas mudanças implicaram alterações substanciais na situação e no papel social da mulher. Dessa maneira, elas tanto puderam arcar com as tarefas domésticas tradicionais quanto, na atualidade, desempenhar atividades anteriormente reservadas exclusivamente aos homens. Com base nesse plano de aula e na reportagemElas estão de volta ao lar, investigue com seus alunos quais foram, nas últimas décadas, as transformações mais decisivas na situação social da mulher.

Modernamente, a família sofreu grandes mudanças em decorrência da expansão do processo de industrialização verificado após os anos 1950 em muitos países. Parte dessas mudanças foi ocasionada pelo fato de a mulher começar a trabalhar no processo produtivo, adquirindo autonomia financeira e intelectual. Emancipada, ela conquista direitos semelhantes aos dos homens, que perderam em quase todos os lugares o papel tradicional de provedor do lar.
Esse fenômeno tem grande significado. Ao solapar o poder e o privilégio masculino no interior da relação familiar, ele contribui decisivamente para o aparecimento de uma situação nova, na qual os parceiros estão em posição de mais igualdade. Isso torna possível a supressão do autoritarismo masculino na relação familiar e contribui para o aparecimento de uma nova forma de organização da família, mais baseada na decisão de cada parceiro e no diálogo aberto. Tal fato está, por sua vez, diretamente relacionado aos valores e práticas de uma sociedade democrática. Se democracia é compartilhar direitos e deveres em situação de igualdade, então a nova estrutura familiar é democrática.
O sociólogo inglês Anthony Giddens constata, inclusive, uma alteração significativa nos motivos que levam à formação de um casal ou de uma unidade familiar. A relação não mais é estabelecida para garantir a sobrevivência material, como ocorria no casamento tradicional, com suas imposições e normas arcaicas, mas para os parceiros conquistarem e criarem vínculos afetivos, nos quais podem desenvolver suas potencialidades, de modo a poder viver conjuntamente com base em mútua decisão ancorada numa "comunicação emocional". Giddens identifica a emergência de uma "democracia das emoções na vida cotidiana", que seria tão importante quanto a democracia pública.

Conduza a discussão indagando se a moçada conhece os motivos sociais de tal transformação. Mostre que, para sociólogos como Göran Therborn ou para o demógrafo Emanuel Todd, a nova configuração familiar também resulta da expansão da educação formal e do acesso das mulheres à Educação Superior. Comente, ainda, que qualquer tentativa de entender a situação atual da mulher não pode desconsiderar a luta feminista, que desde a década de 1950 começou a batalhar pela conquista de novos direitos ou pela ampliação dos existentes, objetivando alcançar plena igualdade dos gêneros. Destaque a importância, nessa luta, da filósofa francesa Simone de Beauvoir, companheira do filósofo existencialita Jean Paul Sartre, que escreveu vários livros sobre a condição feminina, como
 O Segundo Sexo. Explique o significado de sua principal tese: a de que a noção de "feminino" é uma criação dos homens, que assim atribuem algumas qualidades inerentes às mulheres, a fim de imputar a elas certos papéis sociais, como a de mãe ou esposa amorosa. Conclua a aula pedindo para que todos escrevam um breve relatório sobre o assunto trabalhado.



O núcleo familiar tradicional, composto por um casal e por seus filhos, predominou no país até meados do século 20. Comente como, nesse tipo de organização familiar, imperavam relações muito desiguais, nas quais o homem apresentava maior poder diante da mulher e dos filhos, já que desempenhava o papel de provedor. Saliente que esse modelo de homem provedor - figura central na estrutura patriarcal - paulatinamente perdeu força em detrimento do fortalecimento do papel da mulher, causado tanto por sua inserção no mundo do trabalho, que estimulou o aparecimento de uma maior igualdade entre os sexos no ambiente doméstico, quanto por sua rápida escolarização. Atualmente, as mulheres permanecem na escola em média 7,2 anos, enquanto os homens permanecem nela apenas 6,9, em média, segundo dados do IBGE.


Apesar das transformações em curso, a mulher brasileira continua a ter maior parcela de responsabilidades, visto que em geral assume também os afazeres domésticos e a Educação dos filhos. Em seguida, procure mostrar como é notável o aparecimento de vários outros fenômenos associados á transformação do papel social da mulher. Procure exemplificar, mostrando números sobre o aumento de famílias em que a provedora é a mulher. Segundo dados do IBGE, o número de lares chefiados por elas aumenta incessantemente, pulando em dez anos de cerca de 20% para quase 30%.

Saliente, ainda, o aumento do número de famílias com pais ausentes, assim como a formação de famílias com membros que já foram anteriormente casados. E fale também sobre a diminuição do número de filhos por mulher nos últimos anos: se, em 1981, a taxa de natalidade no Brasil era de 4,4 filhos por mulher, em 2001 esse número caiu para 2,4, bem próxima à taxa dos Estados Unidos - que era, na mesma data, de 2,1. Indague a turma sobre as consequências mais marcantes desses fatos, realçando que a média nacional de pessoas por família caiu para 3,1.

O conjunto desses fatos contribuiu para a mulher conquistar maior paridade de poder tanto na estrutura familiar como nas atividades sociais. Em muitas sociedades, elas se consideram atualmente em condições de igualdade com os homens, ou seja, detentoras da liberdade, autoras de sua trajetória, donas do seu corpo e não se encontram mais subordinadas aos homens, como já o foram: inicialmente aos pais, enquanto solteiras, e ao esposo, depois de casadas.


Durante séculos, em virtude do modelo patriarcal, as mulheres foram privadas de uma vida pública efetiva, permanecendo à margem da produção cultural e da vida política. Aponte como isso se modificou na atualidade, visto que elas conquistaram a inclusão nessas atividades. Pergunte se, apesar dessas conquistas, ainda permanecem muitas diferenças entre os gêneros. Forneça à moçada alguns índices para reforçar a reflexão, destacando que, embora se verifique uma tendência geral para a igualdade dos gêneros no mercado de trabalho, as mulheres ainda ganham 28,4% menos do que os homens. Em 2008, a renda média dos homens foi de 1.172 reais, enquanto a das mulheres foi de 839 reais. No mesmo ano, os homens detinham 56,4% dos empregos.

Com base nos dados e nas análises efetuadas, questione se todas as mulheres tendem a voltar para os lares, abandonando as atividades públicas, como aponta a reportagem da Veja. Discuta se isso é uma tendência geral ou se é uma tendência apenas entre as mulheres pertencentes às camadas mais ricas da população. Para concluir, promova uma discussão a fim de verificar se isso também ocorre entre as camadas sociais menos favorecidas, destacando como as tendências gerais da sociedade podem ser contraditórias, variando conforme os grupos ou classes sociais. Para concluir, solicite aos alunos um relatório final sobre a questão examinada.
Mestre em Sociologia pelo programa de Pós-Graduação em Sociologia da FCL-UNESP, de Araraquara. É doutoranda pela mesma instituição.

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